A X Conferência Continental das IUS da América foi aberta oficialmente, com a tradicional celebração Eucarística, na tarde de 02 de setembro. Em sequência, iniciou-se as reflexões da comunidade Salesiana, docentes e pesquisadores sobre a importância de preservar valores humanos, educacionais e éticos, mesmo diante dos avanços tecnológicos que se apresentam nas últimas décadas. No discurso de abertura, o reitor do UNISAL SP, Prof. Dr. Duílio Fabbri Jr. reafirmou a ética como valor valor humano imprescindível perante aos desafios tecnológicos do uso da Inteligência Artificial; Ir. Mário Olmos, sdb, coordenador continental das IUS, ressaltou a consideração de manter-se a missão cooperativa Salesiana para que se fortaleçam as relações socioeducativas e missionárias e, em sequência, o coordenador geral das IUS, Oscar Lozano, enfatizou, também, a necessidade da comunidade permanecer sempre disponível às reflexões e ponderações, a partir de um espaço socioeducacioal analítico, seguro e sóbrio sobre as novas dinâmicas tecnológicas em evolução.

Para fundamentar todas estas reflexões, e os diálogos do dia, a pesquisadora e docente, Lucia Santaella, alertou para a disseminação de muito conteúdo especulativo sobre novas tecnologias disruptivas e estimulou o debate a partir de valores éticos; Santaella considera: “a inteligência coletiva é uma inteligência que se enriquece”.

Veja um pouco mais sobre o primeiro dia da Conferência!

Confira a mensagem completa de abertura do prof. Dr. Duílio Fabbri Jr., reitor UNISAL

“Magnífico Ir. Mario Olmos

Prezados irmãos salesianos e convidados para X Conferência Continental da Instituições Universitárias Salesianas da América, muito boa tarde a todos e sejam muito bem-vindos ao UNISAL e ao Brasil. 

Pela primeira vez – e com muita alegria – recebemos este evento em São Paulo, onde os salesianos de Dom Bosco estão há mais de um século, sempre se dedicando aos diversos níveis de educação, inclusive ao Ensino Superior, já tendo formado mais de 35 mil profissionais.

Este evento é, para nós, uma oportunidade para uma reflexão muito oportuna e inadiável sobre o uso da inteligência artificial generativa em nossos processos formativos e, de modo mais amplo, em nossa ação no mundo.

É corrente que, diante de uma novidade tecnológica, haja sempre dois grandes grupos que se polarizam. De um lado, estão aqueles que a condenam, porque acreditam que se trata de algo que vai contra o que imaginam ter como princípios. São os saudosistas que afirmam o tempo todo: “Na minha época, era de outro jeito…”.

Em posição diametralmente oposta, estão aqueles que acham também que as novidades são uma espécie de anúncio de boas novas, representando a solução para quaisquer problemas. Entre esses dois grupos, estamos nós que não deixamos de considerar tudo o que vivemos, mas também acreditamos que é necessário discutir cada inovação com o olhar atento às implicações éticas, educacionais e formativas que carregam consigo.

A inteligência artificial generativa tem sido o assunto de todos os espaços. Educadores, como nós, sentem-se preocupados com o que ela irá causar e o quanto as mudanças impactarão a forma com que se aprende ou o que se ensina. Essas preocupações são legítimas. Por outro lado, se a inteligência artificial generativa exige que sejamos bons perguntadores, o que não me parece bem colocadas são as perguntas que temos feito. Não seria mais oportuno questionar o que faremos para formar pessoas que possam interagir com a inteligência artificial sem suplantar o que as faz humanas? No lugar de perguntarmos o que a IA fará com nossas aulas e instituições, não seria mais acertado indagar o que nós faremos com ela, para que possa contribuir com uma formação que esteja ligada ao mundo contemporâneo sem deixar de lado o que nos sustenta como instituições salesianas? 

É por isso que este evento é tão importante. Teremos, nesses quatro dias, a oportunidade de discutir pontos importantes que nos fazer estar sempre ligados aos que nos ensinou Dom Bosco ao dizer que o sistema educativo criado por ele se baseava na razão, na religião e na bondade.

Primeiro, é preciso colocar razão sobre toda investida emocional. Olhares apaixonados para a inteligência artificial são capazes de nos levar a enganos de interpretação e a soluções fáceis ou paliativas, mas que dissolvem rapidamente.

Por outro lado, como instituições baseados em um sólido princípio religioso, não podemos esquecer dos valores que trazemos conosco e que, em um mundo cada vez mais secular, devem ser nossa diretriz para olharmos para o que já construímos. Por fim, a bondade nos faz ter momentos de partilha como esse que agora se inicia.

Para finalizar e também com um agradecimento especial, deixo como reflexão um trecho escrito pela professora doutora Lucia Santaella, que falará conosco em seguida: “No campo da educação, proibir deve estar entre os piores caminhos, pois acaba por incentivar o uso oculto, cuja detecção, apesar de promessas, não é ainda segura. Ignorar significa alienar-se de um problema que exige atenção e encaminhamentos. A questão mandatória que se coloca é ética, o que envolve, antes de tudo, informar-se, conhecer, experimentar e avaliar para melhor agir.”

É a isso que nos propomos e queremos compartilhar com cada um de vocês durante este evento. Muito obrigado!