Professor de Direito do UNISAL lança livro sobre uso do ChatGPT na Advocacia
Professor de Direito do UNISAL lança livro sobre uso do ChatGPT na Advocacia

Professor de Direito, do UNISAL, Luis Fernando Rabelo Chacon, lança um dos primeiros livros de inteligência artificial ligado à prática do Direito, em parceria com o autor e advogado sênior na área de Direito Civil (contratos, imobiliário, real, registral) e Direito Tributário, Lucca Latrofe.

O e-book, “ChatGPT para Advogados: Guia prático para utilizar a inteligência artificial generativa no direito”, está disponível na Amazon. De acordo com o professor – mestre em Direito, e pós-graduado em Advocacia em Direito Digital e Proteção de Dados (2023) – a obra é um guia prático e conceitual para advogados que desejam integrar a inteligência artificial em suas rotinas profissionais e alcançar novos patamares de eficiência e precisão. “Eu e Lucca Latrofe estamos aplicando o ChatGPT na advocacia desde o ano passado no nosso cotidiano profissional. Percebemos que seria interessante um e-book escrito por advogados para advogados, na tentativa de ser técnico, do ponto de vista da IA, sem perder de vista a visão prática do advogado que atua todo dia com a consultoria e o contencioso judicial. No livro fizemos um apanhado do funcionamento da ferramenta, mas oferecemos dicas práticas e exemplos específicos para o uso. A tecnologia precisa ser acessível e disseminá-la faz parte de nosso objetivo.”, considerou.

Diante dos debates e ascensão do uso de Inteligência Artificial no Brasil, confira a entrevista completa com o professor, à respeito das nuances que permeiam o tema. Autor de outros 12 livros jurídicos, publicados entre 2006/2023, nas áreas do Direito Privado, Direito Processual Civil e Gestão, Luis Fernando Rabelo Chacon é também autor da Editora Saraiva desde 2006 tendo como principal obra o “Manual de Prática Forense Civil” (10ª ed. 2023). Confira a entrevista:

Como o uso do Chat Generative Pre-Trained Transformer (ChatGPT) poderá otimizar processos de atendimento e pesquisas jurídicas?

“De maneira muito simples a IA Generativa é uma ferramenta que, entre outras, tem a capacidade de analisar, organizar e produzir textos em geral. Diante disso, no dia a dia da advocacia, o maior ganho será em produtividade e abrangência. O uso adequado da ferramenta permitirá que o profissional da advocacia consiga produzir maior conteúdo em menor tempo e ainda ampliar a abrangência da sua pesquisa e atuação técnica, atingindo resultados que, sozinho, demoraria muito para atingir. Não se trata, contudo, de um passe de mágica. O profissional somente aproveitará a ferramenta se dominar o conteúdo técnico jurídico solicitado e ter habilidades no uso da ferramenta, ou seja, conhecer o sistema e suas técnicas, a chamada engenharia de prompt. Nosso livro tem esse foco, ajudar o profissional a conhecer o sistema e as técnicas de comando de modo a extrair o máximo da ferramenta.”

O Avanço das IA na próxima década estará cerca de 10 mil vezes mais inteligente que humanos, considerações da Softbank; em paralelo ao avanço temos projeções e perspectivas sobre qual o futuro dessa tecnologia no impacto da humanidade. Como fazer uso de maneira ética, desta ferramenta?

“A questão ética é sem dúvida o maior problema no uso da ferramenta em todas as áreas do conhecimento e setores da sociedade. Uma ética que extrapola o usuário, estão no contexto mais amplo da sociedade, envolvendo não apenas os desenvolvedores das aplicações existente, mas também a intervenção governamental nos cenários em que isso for necessário para a proteção das pessoas. Há muitos problemas éticos envolvidos que podem trazer à tona, por exemplo: o viés discriminatório na análise de dados, bem como a interferência nos direitos autorais de conteúdos disponibilizados na internet que venham a ser usados pela IA na produção de conteúdos. A sociedade deve começar a desenvolver suas boas práticas e entender como pode ocorrer o impacto negativo da IA na sociedade visando aproveitar ao máximo de suas facilidades, em perder de vista os interesses outros da sociedade.”

De forma prática, exemplifique alguns processos e ações que podem ser executados pelo Chat.

“O ChatGPT pode nos ajudar na construção e revisão de documentos jurídicos, nos auxiliar na análise de documentos extensos e ainda preparação de teses e petições. Por exemplo, posso indicar ao sistema uma petição inicial e através de comandos adequados extrair do sistema minhas melhores teses de defesa, incluindo uma organização e fundamentação detalhada que me permitirá, depois, solicitar que ele próprio me ajude na redação da petição de defesa. Porém, reiteramos que o uso adequado é que garante o resultado adequado, pois não se trata de um passe de mágica. Além disso, combinado com outras tecnologias poderá nos ajudar nos agendamentos e prazos, bem como no atendimento remoto e virtual de clientes que entram em contato e buscam informações, funcionando como um apoio no atendimento inicial dos clientes, por exemplo: através de “chatbot”. Costumo brincar ultimamente que se no passado o profissional da advocacia precisava dominar o uso do Excel ou ter fluência em outro idioma, agora está sendo desafiado a desenvolver uma nova habilidade profissional: a capacidade do uso da inteligência artificial generativa.”

Atualmente, quatro projetos nacionais, de lei, buscam criar regras para o desenvolvimento, implementação e uso de sistemas de IA. Como estão estes processos hoje no Congresso; qual status do projeto nacional de lei 2338/23, apresentado pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD/MG)?

“O mundo inteiro está discutindo a IA e sua regulamentação. São muitas opiniões divergentes ainda, pois é tudo muito novo. O maior receio é no cuidado das pessoas humanas sem perder de vista o impedimento de novos investimentos pelas empresas. A Europa saiu na frente sendo que entrou em vigor no dia 1º de agosto de 2024 o Regulamento Europeu da IA a partir do Parlamento Europeu classificando e definindo riscos aceitáveis ou não no uso da IA. O Brasil vem discutindo o assunto envolvendo projetos de lei e autoridades vinculadas ao assunto. Acho positivo que possamos esperar uma certa acomodação internacional e do próprio mercado, pois a novidade é tamanha e evolui todo dia de modo que algumas medidas jurídicas podem ser precipitadas. Nosso modelo de legislação deve seguir o modelo europeu como já aconteceu com outras legislações, como na LGPD.”

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