Thiago Lima de Souza e Francisco de Assis Barbosa Aguilar Filho palestraram na abertura da XXV Mostra de Produção Científica e testaram ao vivo protótipo criado por alunos
A abertura da XXV Mostra de Produção Científica, realizada no UNISAL Campinas, foi marcada por um encontro que uniu conhecimento acadêmico, sensibilidade e inovação. A palestra “Diálogos sobre Inclusão: trajetórias que inspiram” trouxe ao auditório duas vozes que vivem, diariamente, os desafios e conquistas da pessoa com deficiência visual: Thiago Lima de Souza, atleta B1 (cego), e Francisco de Assis Barbosa Aguilar Filho, atleta B3 (baixa visão).
Destinada a alunos e professores, a atividade integrou também o XIII Seminário de Extensão e o IV Núcleo Institucional, cumprindo o último encontro dos núcleos que trabalham temas transversais. Mais do que uma palestra, foi um convite à reflexão sobre direitos, acessibilidade e inclusão, aproximando a comunidade acadêmica da realidade de quem enxerga o mundo de outra forma.
Tecnologia a serviço da inclusão: protótipo testado ao vivo

Durante o evento, um momento especial reforçou a conexão entre teoria e prática. Alunos de Engenharia Elétrica apresentaram um protótipo desenvolvido para auxiliar a mobilidade de pessoas cegas, utilizando sensores que identificam obstáculos. O projeto é assinado por Isabelle Ladeira, Lucas Coimbra, Samuel Allé e Vinicius Shibukawa. Até então, o equipamento havia sido testado apenas por pessoas videntes. A sugestão do professor Artur trouxe um desafio inédito: experimentar o dispositivo com os próprios palestrantes. Thiago e Francisco aceitaram prontamente, oferecendo contribuições valiosas para o aperfeiçoamento do sistema.
Para os estudantes, a experiência foi tão enriquecedora quanto desafiadora. Em entrevista, Samuel Allé, integrante da equipe, contou:
“O protótipo surgiu através de pesquisas pensando em algo acessível para a sociedade, refletindo no que poderia ajudar as pessoas com deficiência visual. No começo foi um processo de análise referente à programação, onde tivemos ajuda do professor. Acompanhamos a palestra e achei que eles arrumaram vários caminhos para se encaixar na sociedade. É importante verificar quais são os problemas deles e o que podemos melhorar para tornar acessível a locomoção. Foi ótimo, pois podemos ter um feedback mais certeiro e uma opinião mais concisa sobre o que acharam do protótipo. Agora vamos pegar os pontos dos feedbacks e analisar para realizar as melhorias no protótipo, para que atenda à expectativa do cliente.”
Com 21 anos de carreira no esporte e entre os melhores atletas do Brasil, Thiago Lima de Souza explicou a importância de ações como essa para a sociedade.
“Foi uma vivência diferente, eu acredito que a maioria dos alunos entendeu a nossa proposta e vai levar isso pro dia a dia. Esse tipo de ação deveria acontecer mais vezes, justamente para o aluno entender o que é a deficiência. Hoje a sociedade está um pouco melhor, vendo mais o ser humano e não a deficiência em si”, afirmou.
Francisco também compartilhou sua história e contou o esporte transformou a sua vida.
“Minha vida virou de cabeça pra baixo aos 38 anos, quando perdi a visão do olho esquerdo por causa da toxoplasmose congênita; o direito eu já não tinha há tempo. Foi no Centro Brasil de Campinas que eu reaprendi a viver. Depois vieram pessoas que mudaram meu eixo: a Laura, com o skate adaptado, e o Arthur, da Unisal, com a frase que virou chave: ‘O limite não está nos seus olhos. O limite está no que você acredita sobre você.’ A partir daí, o esporte virou meu norte. Corri São Silvestre, Paulista, MIT, Integração e, agora, finalizei a Corrida Histórica de Campinas. O esporte me devolveu direção. Me mostrou que visão não é só olho,é propósito.”, contou.



