O Curso de Filosofia do Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL, Unidade Lorena, realizou entre os dias 16 e18 de maio, a Semana de Filosofia 2022, com o tema: “100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922: cultura e democracia”.
A semana de Filosofia é uma atividade acadêmica de extensão tradicional do Curso de Filosofia. A iniciativa proporciona atividades de palestras, colóquios, debates, trazendo as contribuições de outros profissionais e áreas afins sobre temas relevantes para a formação do profissional dos filósofos, e significativas para os valores institucionais, a cultura e a sociedade brasileira.
A data comemorativa dos 100 anos da semana de arte moderna de 1922 apresenta-se como uma oportunidade ímpar para a reflexão filosófica em sua conexão com áreas afins. O evento teve como objetivo introduzir o conhecimento e o debate sobre a importância da arte e da cultura para o desenvolvimento da dignidade humana, da cidadania e da democracia.
Estruturas históricas e políticas
Na abertura do encontro, os professores Me. Diego Amaro de Almeida e Esp. Abraão César dos Santos Francisco apresentaram o tema “Semana da Arte Moderna de 1922: estruturas históricas e políticas”.
Com uma linguagem leve, dinâmica, descontraída e jovem, a palestra seguiu o estilo do programa “Sem pauta e sem roteiro”, que ambos apresentam aos domingos pelo YouTube.
Os docentes apresentaram um conteúdo abrangente, fruto de suas pesquisas que possibilitaram referências para contextualizar a semana de 22.
Também abordaram o cenário da cultura colonialista e oligárquica e o esforço dos modernistas para superá-la, e situaram a importante crítica de Monteiro Lobato à Anita Malfati como estopim da reação dos modernistas que culminou com a semana moderna de 1922.
“A crise da cultura, democracia e semana de arte moderna”
Na oportunidade, o Prof. Dr. Daner Hornich apresentou palestra sobre o tema “A crise da cultura, democracia e semana de arte moderna”. Com uma fala contundente e uma crítica aguda, abordou problemas importantes e ancestrais da sociedade brasileira, especialmente a dominação política, a pobreza e a falta de investimento em cultura e educação.
Dr. Hornich discorreu sobre o histórico autoritário e de baixos investimentos em cultura, ciência e educação. Ao mesmo tempo, destacou os papeis crítico e emancipador da ciência, tecnologia, educação, cultura e arte, que abrem novas visões de mundo e possibilidades de ser.
Na terça-feira, 17, foi a vez de Daniel Munduruku, doutor na área de educação e autor de vários livros de literatura infantil, apresentar a palestra “Os últimos socialistas: sobre democracia e bem viver”.
Em sua dissertação, o autor manifestou uma voz de resistência dos povos originários, às mazelas da racionalidade da conquista, a lógica do poder e do enriquecimento individual e predador e contrapôs a afirmação da democracia e o bem viver.
Atuação da mulher na Semana de Arte Moderna de 1922
Encerrando os trabalhos, no terceiro dia da Semana de Filosofia, a Prof.ª Dra. Suillan Gonzales apresentou o vídeo do café filosófico “Artes visuais na Semana de 22”, com Ana Paula Cavalcanti. Em seguida, discursou sobre o papel das mulheres na Semana de 22, considerando as artes visuais.
A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um marco na história da arte, dando início à consolidação do Modernismo, e ainda hoje suscita muitas reflexões.
Sob a perspectiva feminina, a professora Suilan discorreu sobre a ascendência das artistas Anita Malfati (com exposição de pinturas com traços modernistas já em 1917) e a pesquisa estética e a produção inovadora de Tarsila do Amaral.
“A potência de Malfati e Amaral no cenário do início do século XX não somente representa a presença produtiva e criativa da mulher nas Artes, como foi exemplo singular de participação e centralidade do movimento modernista. Nos modernismos ocorridos em outros países, não houve atuação tão significativa como a de nossas artistas”, comentou a professora de Fundamentos Filosóficos da Sociologia da Educação.
Segundo Gonzales, aponta-se, por isso mesmo, a necessidade de maior valoração do projeto intelectual de Anita e Tarsila em detrimento de relações reducionistas delegadas a elas, como a de vítima (de Monteiro Lobato) e de musa (dada à autenticidade de estilo de vestimentas e beleza), respectivamente.
Após a apresentação, os alunos de Filosofia apontaram, por meio de questões, o quanto as construções sociais, assim como os papéis sociais referidos à mulher significaram “amarras cognitivas” para a recepção, análise e valorização da contribuição feminina para as artes.
“A semana de Filosofia contou com a participação dos alunos e professores. Em todas as seções do evento, não faltaram com a missão de elaborar excelentes questões suscitando críticas e possibilitando aos palestrantes um importante aprofundamento e exercício do debate. Atingimos os objetivos de um diálogo profundo e plural entre as tradições e a modernidade”, comentou José Marcos Miné Vanzella, coordenador do curso Filosofia do UNISAL, Unidade Lorena.
Colaboração: Professor José Marcos Miné Vanzella